Microsoft mostra o potencial da inteligência artificial durante a SPFW
Em poucos segundos, uma máquina, similar ao cérebro humano, é capaz de identificar as roupas do usuário e sugerir quais estilistas vendem peças no mesmo estilo

Moda e tecnologia têm um ponto em comum: a inovação.
Os profissionais da primeira dedicam-se a pesquisar novas tendências, diferentes formas e combinações inusitadas. Já os da segunda procuram aumentar a capacidade humana de produzir e criar.
Não é de se estranhar que os dois setores estejam juntos com alguma frequência.
Foi o que aconteceu na 44ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW), o evento de moda mais importante do país que será encerrada nesta quinta-feira (31/08), na Bienal do Parque do Ibirapuera.
O tema deste ano: “Amo Moda Amo Brasil”. De acordo com Paulo Borges, idealizador do evento, é o momento de valorizar quem cria, empreende e faz acontecer. A escolha também está relacionada com o atual contexto político e econômico brasileiro.
A semana de moda não ficou imune ao período de recessão. A Prefeitura de São Paulo cortou 2,1 milhões da verba destinada ao evento.
O número de patrocinadores também caiu nos últimos anos. Na edição do segundo semestre de 2016, eram 20 empresas, a edição atual conta com apenas 10.
A situação reflete a realidade vivida pelas grandes marcas, estilistas e indústria.
Em 2016, o faturamento do setor têxtil e de confecção brasileiro foi de R$ 129 bilhões – valor 1,5% menor ao de 2015.
O varejo do setor teve queda ainda mais acentuada: 10,7% no ano passado, de acordo com as informações Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção (Abit).
A tecnologia pode ser tábua de salvação. Além de melhorar processos e reduzir custos, novas ferramentas irão mudar o varejo e a melhorar a experiência de compra.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Durante a SPFW, a Microsoft deu uma pequena amostra do que está por vir. Os convidados do evento tiveram a oportunidade de entender como funciona a inteligência artificial e como ela pode beneficiar marcas e consumidores.
A empresa de tecnologia desenvolveu, exclusivamente para a semana de moda, um dispositivo capaz de identificar roupas, cor de cabelo, maquiagem e acessórios utilizados pelas pessoas.
Ao se posicionar em frente a uma tela, o programa realiza o reconhecimento, descreve as peças e as características físicas do usuário.
O sistema faz uma análise das roupas e do estilo e identifica quais os estilistas que participam do evento são compatíveis com o gosto daquela pessoa.
A equipe da SPFW ajudou a enquadrar os estilos em categorias. Para que a máquina fosse capaz de aprender essas informações, foram utilizadas por volta de 55 milhões de imagens de desfiles anteriores.
Para desenvolver essa ferramenta, a empresa usou a tecnologia de Deep Learning (aprendizado profundo), que utiliza algoritmos capazes de racionar de forma semelhante ao cérebro humano.
Fábio Scopeta, diretor de inteligência artificial da Microsoft na América Latina, afirma que, a olhar um rosto, o cérebro faz reconhecimento sequencial. Primeiro, identificamos as bordas e os contornos da face. O próximo nível são elementos individuais e, só então, o todo.
“A tecnologia passa por um processo similar. Primeiro, o aplicativo identifica que aquela imagem é uma pessoa. Depois, qual o contorno das peças de roupa que ela está usando”, afirma Scopeta. "Cada elemento que deve identificado corresponde a um nível nessa rede neural.”
Por enquanto, essa tecnologia ainda não é utilizada pelo varejo. Mas ela está disponível para qualquer um queira utilizar.
Todos os componentes que a equipe da Microsoft utilizou para criar a experiência da SPFW estão disponíveis para qualquer desenvolvedor por meio de API (Interface de Programação de Aplicativos).
“A Microsoft não será o agente que vai criar as ferramentas. Por isso, disponibiliza toda a tecnologia na nuvem sem qualquer custo”, diz Scopeta.
São múltiplas as potencialidades para a aplicação dessa tecnologia. Uma rede de lojas pode usar um programa similar para indicar peças para seus clientes assim que eles entrarem na loja. Ou então, a máquina pode indicar um vendedor que entende melhor daquele estilo de roupas.
Essa programa pode melhorar a experiência de compra dos clientes, aumentar as vendas e a produtividade dos vendedores.
Scopeta não acredita que a inteligência artificial irá substituir as pessoas, mas deve expandir as capacidades humanas. “Um estilista, por exemplo, poderá utilizar a tecnologia para entender melhor as tendências que nascem nas redes sociais”, afirma Scopeta.
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