Viagem reaproxima Israel após longo distanciamento
O presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Tel Aviv na madrugada de domingo (31/03) para uma visita de três dias. Entenda o significado dessa reaproximação com o país do Oriente Médio

Até os anos 60, o Brasil conseguiu se manter equidistante no conflito árabe-israelense, chegando até a esboçar alguma simpatia por Israel em votações no Conselho de Segurança da ONU, como a recusa em apoiar a proposta soviética de condenar o governo israelense por agressão aos vizinhos árabes na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Os choques do petróleo, no entanto, marcaram a primeira guinada da relação brasileira com a região. A partir dos anos 70, para manter o fornecimento, o governo militar levantou a bandeira do pragmatismo e se alinhou com os árabes. foi período mais anti-Israel da história das relações exteriores do Brasil, principalmente na presidência do general Ernesto Geisel.
No livro O Brasil do general Geisel, o cientista político Walter de Góes lembra um dos episódios mais marcantes da relação entre Brasil e Israel.
Com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, a diplomacia brasileira voltou a buscar uma posição equidistante na região.
ANOS PETISTAS
Em 2010, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o primeiro presidente brasileiro a realizar uma visita de Estado a Israel.
O que já era percebido como ruim ficou ainda pior no governo Dilma Rousseff. Em 2014, após o Brasil emitir um comunicado condenando Israel pelo "uso desproporcional da força" em bombardeios à Faixa de Gaza, Yigal Palmor, porta-voz da chancelaria israelense, respondeu com um golpe abaixo da linha da cintura.
"Esta é uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático", disse Palmer -- que não parou aí.
É contra essa hostilidade que Jair Bolsonaro trabalha a partir de hoje, em sua visita a Israel. Dada sua afinidade com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, a tarefa parece mais fácil do que a missão de Tite à frente da seleção.
De acordo com o Itamaraty, parte da declaração lida em conjunto com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, estabelece um escritório brasileiro para a promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação.
Inicialmente, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil havia informado à imprensa que o escritório seria instalado como "parte da embaixada" do Brasil em Israel, que fica em Tel-Aviv. Minutos depois, o comunicado foi alterado sem esse trecho.
FOTO: Alan Santos/PR