Bolsonaro: não há espaço para a esquerda na América do Sul
Em discurso de pouco mais de seis minutos em Davos, o presidente brasileiro destacou o combate à corrupção e a sintonia que deve haver entre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico

Em pouco mais de seis minutos, o presidente da República, Jair Bolsonaro, discursou em Davos, na Suíça, enfatizando que seu governo goza de credibilidade para fazer reformas das quais o país precisa e que o mundo espera.
"Temos o compromisso de mudar nossa história", afirmou o dirigente na plenária de abertura do Fórum Econômico Mundial, sem mencionar explicitamente quais reformas pretende fazer ou sequer citar a reforma da Previdência.
"Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção", disse Bolsonaro, citando a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como o "homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro".
Bolsonaro prometeu ao público do Fórum Econômico Mundial investir pesado em segurança e convidou os presentes a visitar o Brasil com suas famílias, para conhecer locais como a Amazônia, as praias e o Pantanal.
"Somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido", afirmou.
O Brasil, assegurou Bolsonaro, é país que mais preserva o meio ambiente. "Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural", disse ele, destacando que menos de 20% do solo é dedicado à pecuária.
"Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo."
"Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis", disse Bolsonaro em seu discurso, ainda ao falar sobre o meio ambiente.
CRISES
O presidente da República ressaltou em seu discurso que, nas eleições, sua campanha gastou "menos de US$ 1 milhão", teve apenas oito segundos de tempo de propaganda gratuita na televisão e que foi "injustamente atacado a todo tempo", mas, mesmo assim, conseguiu a vitória.
"Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica."
Bolsonaro começou seu discurso dizendo a frase "o Brasil precisa de vocês", expressão não incluída em seu plano oficial distribuído à imprensa.
Após o improviso inicial, voltou ao discurso preparado e ressaltou que esta é a primeira viagem internacional que realiza após a eleição, prova da importância que atribui às pautas que este fórum tem promovido e priorizado.
"Esta viagem é prova da importância que atribuo às pautas que este fórum promove", disse ele. "Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo."
PÚBLICO
O discurso do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, realizado logo após a apresentação do presidente do Fórum, Klaus Martin Schwab, atraiu um grande público em Davos.
O auditório, que conta com 1,2 mil assentos nesta sessão não ficou completo, mas o evento ficou mais cheio do que há um ano, quando o palestrante era o então presidente Michel Temer.
O lugar reservado à imprensa ficou mais vazio, e a maior parte dos profissionais foi de jornalistas brasileiros.
O mesmo auditório também foi utilizado em 2018 para o discurso do presidente americano, Donald Trump, que conseguiu lotar o espaço completamente.
MERCOSUL
Bolsonaro afirmou que o Mercosul precisa ser aperfeiçoado. Ele destacou que o Brasil está preocupado em fazer a América do Sul "grande", mas sem viés de esquerda.
Em uma curta sessão de perguntas e respostas, destacou que vários políticos alinhados à centro-direita foram eleitos na América do Sul. E disse que esse é um sinal de que não há espaço para a esquerda na região.
"Estamos preocupados em fazer a América do Sul grande, com cada país mantendo sua soberania. Não queremos uma América do Sul bolivariana", disse Bolsonaro.
MEIO AMBIENTE
O presidente brasileiro defendeu que a preservação do meio ambiente deve estar casada com o desenvolvimento econômico.
Após ter dado declarações controversas sobre a permanência do País no Acordo de Paris, o presidente disse que pretende estar "sintonizado com o mundo na busca da diminuição de Co2 e na preservação do meio ambiente".
DISCURSO RÁPIDO
A participação de Bolsonaro foi muito menor do que os feitos por outros presidentes brasileiros que participaram de Davos. Se for incluída a breve sessão de perguntas e respostas, durou cerca de 15 minutos.
Em 2014, a então presidente Dilma Rousseff falou por pouco mais de 32 minutos. Alguns anos depois, o presidente Michel Temer falou por 30 minutos, incluindo perguntas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez três discursos na plenária de Davos. Em 2003, ele falou por 28 minutos, também com perguntas. Em 2005, foram mais 27 minutos, também com questões. Em 2007, sua participação chegou a 38 minutos.
LEIA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DE BOLSONARO
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