Reforma da Previdência sai em 90 dias, diz Guedes, em evento da Facesp
O ministro da Economia fez palestra em cerimônia de posse de Alfredo Cotait Neto no comando da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)

O ministro da Economia Paulo Guedes disse estar convicto de que a reforma da Previdência será aprovada no máximo em 90 dias. Segundo afirmou, longe do burburinho diário que sinalizaria para a falta de apoio político à reforma, nos corredores do Congresso já haveria entendimento sobre a importância das mudanças no sistema previdenciário.
“O que sinto no Congresso é que existe colaboração, que a classe política está sensível ao nosso projeto. Sabem que, aprovada a Previdência, entraremos em um rumo positivo na economia”, disse o ministro, que participou, nesta quinta-feira 23/05, da cerimônia de posse do empresário Alfredo Cotait Neto à frente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), juntamente com a diretoria e vices regionais, no clube Monte Líbano, em São Paulo.

Segundo Guedes, existe sintonia entre o legislativo e o governo federal. O ministrou considerou positivo o fato de deputados darem encaminhamento a reformas paralelas às do governo, para a Previdência e o sistema tributário. “Não vejo como provocação, porque teve conversa com o governo. Essa competição é saudável e, no final, as propostas irão convergir."
Tanto a reforma da Previdência como a tributária foram apontadas pelo novo presidente da Facesp como prioridades para a transição do país de um modelo de dependência do Estado para uma economia liberal - mudança de paradigma que coloca o setor privado como principal agente do desenvolvimento.
Para Cotait, a reforma da Previdência representa importante sinalização do empenho na busca do equilíbrio fiscal, o que devolverá a credibilidade necessária para que os investimentos externos, hoje em compasso de espera, retornem ao Brasil.
Quanto à reforma tributária, disse ser necessária para promover uma necessária simplificação dos impostos para reduzir a burocracia que onera as empresas. "Em complemento, defendemos a desoneração da folha de pagamentos para aumentar a competitividade, reduzir a informalidade com a geração de emprego”, disse o empresário.
"Nosso poder de mobilização é a nossa força", disse Cotait ao se dirigir a Guedes, acrescentando que as 400 associações comerciais do Estado de São Paulo somam mais de 280 mil voluntários prontos para ajudá-lo e apoiá-lo, ocupando as galerias, visitando os parlamentares em seus gabinetes, e de forma ordeira e organizada contribuir para a aprovação das reformas.

Em seu discurso de posse, Cotait, que sucede a Alencar Burti na presidência da Facesp, enfatizou também que o impacto do processo recessivo ainda se faz sentir, especialmente sobre as micro e pequenas empresas, atingidas pela queda das vendas, a burocracia, as dificuldades na obtenção de crédito e pelas altas taxas de juros, que superam em muito a rentabilidade de qualquer negócio.
"O Brasil tem pressa", afirmou o presidente da Facesp. "Os milhões de desempregados, os desalentados, os jovens que buscam o primeiro emprego têm pressa. "É preciso reduzir a incerteza que paralisa a economia. As reformas são necessárias, mas também urgentes".
Cotait pontuou igualmente avanços recentes, representados pela reforma trabalhista, a Medida Provisória da Liberdade Econômica, a aprovação do Cadastro Positivo e da Empresa Simples de Crédito.
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O ministro da Economia disse que o Brasil se encontra em um grande “buraco fiscal”, sendo que os prefeitos e governadores e até ministérios estão na beira desse buraco, prestes a cair. “Com a Previdência, que permitirá economia de R$ 1 trilhão, teremos mais 10, 20 anos de estabilidade fiscal”, afirmou.
Na esteira da Previdência, o ministro falou da necessidade de um pacto federativo que descentralize a arrecadação e ajude a salvar as finanças de estados e municípios. “Hoje 75% dos recursos vão para a União, nós queremos inverter isso. O governo federal não é um bom curados desses recursos”, disse.
Segundo ele, uma das propostas é direcionar 70% dos recursos do Pré-Sal para os estados.
O ministro voltou a defender as privatizações, por meio das quais se conseguiria também chegar ao que vem chamando de “choque de energia barata”.
Guedes Propõe a quebra dos monopólios estatais na exploração e distribuição do gás natural. “Vamos abrir isso para investimentos privados. Em 2 a 3 anos o gás vai chegar pela metade do preço para a baixa renda”, disse.
O ministro buscou tranquilizar os cerca de 1,7 mil empresários presentes ao evento informando que pretende abrir o país aos investimentos estrangeiros de maneira gradual.
“Vamos abrir o mercado aos poucos, depois das simplificações, porque hoje não tem como o empresário brasileiro competir com um chinês pois está com uma bola de ferro de impostos e juros amarrada ao pé”, disse o ministro.
Presente ao evento, o governador paulista João Doria (PSDB) defendeu seu projeto de criar polos de desenvolvimento regional, dando incentivos a setores industriais. Segundo ele, essa política está alinhada a tocada pelo governo federal.
O governador também criticou as manifestações convocadas para o próximo domingo, dia 26, em defesa do governo Bolsonaro. Seguindo Doria, elas são desnecessárias. “É uma perda de tempo estabelecer confronto. O país precisa de entendimento. É uma inutilidade completa. Vamos usar os esforços para defender a reforma da previdência”, disse o governador.
FOTOS: Paulo Pampolin/Hype e William Chaussê/Diário do Comércio