Relatório da reforma tributária propõe trava para aumento da carga
Na prévia do seu relatório, o senador Eduardo Braga sugere também a criação de duas modalidades de cestas básicas, alíquota intermediária para profissionais liberais e mudanças no Conselho Federativo

*com informações do Estadão Conteúdo
O senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da reforma tributária no Senado, divulgou na manhã desta quarta-feira, 25/10, o texto que será votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Sua prévia do relatório inclui pontos importantes ao texto aprovado na Câmara, como a criação de duas modalidades de cestas básicas, uma trava para a alta da carga tributária e alíquota intermediária para profissionais liberais.
Após a leitura do relatório na CCJ, que deve acontecer ainda nesta quarta-feira, os senadores terão duas semanas para analisar o texto. A votação está prevista para 7 de novembro na CCJ. Logo em seguida, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pretende levar o texto ao plenário.
ESTRUTURA DO CONSELHO FEDERATIVO
O relatório de Braga prevê mudança na estrutura do Conselho Federativo, órgão que vai gerir os impostos estaduais e municipais, que agora passará a ser um "comitê gestor", com menos poderes em relação ao que foi aprovado na Câmara.
Haverá a possibilidade de o Congresso convocar o presidente desse comitê para prestar esclarecimentos, como ocorre hoje com ministros de Estado. O presidente deverá ter "notórios conhecimentos de administração tributária" e a indicação deverá ser aprovada por maioria absoluta do Senado.
O parecer do relator retira ainda a possibilidade de o comitê gestor propor iniciativas de lei. Além disso, haverá controle externo do órgão pelos tribunais de contas dos Estados e dos municípios.
Já as decisões do comitê serão tomadas se tiverem, cumulativamente, o apoio da maioria absoluta de seus membros, dos representantes dos Estados e do Distrito Federal que correspondam a 50% da população e da maioria absoluta dos representantes dos municípios.
TRAVA PARA CARGA TRIBUTÁRIA
O relator da reforma tributária propõe também uma trava com um teto de referência para a carga tributária do País, que será uma média da receita do governo de 2012 a 2021 em proporção do Produto Interno Bruto (PIB).
Com essa regra, caso o porcentual nos cinco anos esteja acima da média de 2012 a 2021, haverá uma trava e redução.
Segundo o documento divulgado pela equipe de Braga, a alíquota de referência dos tributos sobre consumo será reduzida caso exceda o limite estabelecido no teto de referência.
Segundo Braga, era preciso fazer uma "mescla" entre o sistema que já estava em vigor e o novo sistema tributário previsto com a reforma. O relator afirmou que a fórmula da carga tributária será móvel para ser mais fiel à economia.
Na prévia do relatório, Braga atende a demanda dos Estados e alterou de 3% para 5% o seguro-receita para compensação da perda de arrecadação dos entes federativos com a proposta.
A versão anterior do relatório do texto previa que 3% da parcela do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que vai substituir o ICMS e ISS, distribuída pelo destino seria usada para compensar os governos regionais com maior queda na participação no total da receita. Esse porcentual agora subiu para 5%.