Restaurante francês Big Mamma prospecta entrada no Brasil
Adquirido pelo fundo inglês McWin, grupo especializado em culinária italiana busca parceiro brasileiro após fincar pé no Reino Unido, Espanha e em outros países. Tem mercado para a marca no país? Veja a análise de especialista

Um dos grupos de restaurantes mais conhecidos da Europa, o Big Mamma, adquirido em 2023 pelo fundo de investimento inglês McWin, está prospectando a entrada no Brasil.
A ideia do grupo francês, especializado em gastronomia italiana, é encontrar parceiros locais, de acordo com Jorge Lizan, especialista em expansão internacional de marcas.
Fundado em 2015 em Paris, França, pelos sócios Victor Lugger e Tigrane Seydoux, o Big Mamma possui mais de 30 restaurantes entre França, Reino Unido, Espanha e Mônaco.
Cada restaurante tem um design exclusivo e oferece uma experiência imersiva, com ambiente alegre e uso de cores vibrantes, capaz de transportar a clientela diretamente para a Itália.
“O Big Mamma não é apenas um grupo de restaurantes, é uma experiência gastronômica, que redefiniu a culinária italiana com autenticidade, atmosfera teatral e serviço de alta energia”, diz Lizan, consultor sediado em Nova York, que está ajudando o grupo francês na operação.
Os restaurantes Big Mamma têm um conceito baseado na valorização da origem artesanal de seus fornecedores italianos, o que levou à abertura de sete unidades em três anos.
Por não trabalhar com reservas, geralmente, longas filas se formam do lado de fora dos restaurantes, o que também faz parte da experiência, diferenciando-os de outras marcas.
Em 2018, o grupo abriu uma unidade no Estação F, um grande campus de startups localizado em Paris, criado por Xavier Niel, e inaugurado em 2017 para abrigar empreendedores.
O espaço tem 34 mil metros quadrados e abriga mais de 3 mil empreendedores, além de restaurantes, cafés, cozinhas e bares.
O restaurante do grupo francês, o La Felicità, ocupa 4,5 mil metros quadrados, com sete pontos diferentes, incluindo uma cafeteria aberta 24 horas por dia, sete dias por semana.
No auge, chegou a vender cerca de 8 mil refeições diariamente.
Em fevereiro de 2019, quando empregava cerca de mil pessoas, o grupo deu início ao processo de internacionalização com a abertura de dois restaurantes em Londres.
Na época, informou que utilizava cerca de 180 produtos diferentes, alguns vindos diretamente da Itália em até 36 horas.
No Brasil
Se a vinda ao Brasil de fato se concretizar, como demonstra a intenção, o grupo francês vai disputar um mercado com cerca de 9 mil restaurantes com culinária típica italiana.
Desses, 86% são tocados por empresários independentes, isto é, não pertencem a redes.
Esses dados, que consideram trattorias, cantinas, osterias e restaurantes italianos, constam de levantamento feito por Sérgio Molinari, consultor especializado no mercado de food service.
Como base de comparação, no caso de restaurantes especializados em comida típica japonesa, esse número é ainda maior (24 mil restaurantes) no país.
Evidentemente, o número de restaurantes que oferecem algum prato da culinária italiana é muito maior. Se não tem no cardápio principal, tem no menu para atender o público infantil.
Em shoppings no Brasil, quando se pensa em comida italiana, aparecem, principalmente, as marcas Pecorino, Abbraccio, La Pasta Gialla e Andiamo.
Nos cálculos de Molinari, essas quatro marcas que, juntas, possuem aproximadamente 120 unidades, faturam cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que dá uma participação de cerca de 3% do mercado de restaurantes típicos de comida italiana, estimado em R$ 32 bilhões anuais.
Para Molinari, que já esteve em uma unidade do Big Mamma, em Paris, a experiência de estar no restaurante acaba sendo até mais especial do que a própria culinária italiana.
“Se tiver de comparar o Big Mamma com algo aqui no Brasil, eu pensaria na rede Paris 6, em razão do ambiente, da decoração, de um local que favorece ser fotografável”, afirma.
O Big Mamma também se diferencia das redes citadas, diz ele, porque trabalha com preços mais elevados, além de ter um ambiente mais para as ruas do que para os shoppings.
O fato de as quatro principais redes de comida italiana terem apenas 3% do mercado, diz Molinari, não pode ser motivo para o Big Mamma entrar e ter sucesso no Brasil.
“Eu diria que o fato de 86% dos restaurantes serem tocados por empresários independentes serve como aviso de que, talvez, o espaço para a marca não seja tão grande.”
Molinari arrisca dizer que a marca poderia ter de dez a 20 lojas no país em ruas e shoppings, mas, no caso de shoppings, teria de estar em praças com foco em alimentação gastronômica.
“O Big Mamma é uma marca urbana, para as classes A e B, que atende a um público mais jovem, de 30 a 35 anos, moderno, dramático, até porque o ambiente é bem marcante.”
É um restaurante, diz, com cara de capital. “Entendo que metade da rede teria de estar na cidade de São Paulo, onde se concentra a colônia italiana.”
Como base de comparação, no primeiro semestre de 2024, das cerca de 50 lojas do Pecorino, 39 estavam no estado de São Paulo, e das 47 lojas do Abbraccio, 24, de acordo com Molinari.
Se decidir vir para o Brasil, diz, o investimento por loja deve ser de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões, o que demandaria um desembolso de uns R$ 100 milhões, em caso da abertura de 20 lojas.
Em novembro de 2017, após dois anos de inauguração, os dois fundadores do Big Mamma receberam o prêmio de “empreendedores do ano” do guia gastronômico Gault Millau.
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IMAGEM: Big Mamma/divulgação