Poit quer trazer para São Paulo o jeito Zema de governar
O pré-candidato ao governo paulista pelo Novo foi sabatinado por empresários e lideranças políticas na Associação Comercial de São Paulo

O deputado federal Vinicius Poit (Novo) quer trazer para São Paulo o estilo Romeu Zema de governar, caso sua candidatura ao governo paulista venha a ser vitoriosa.
Zema caminha para uma reeleição tranquila em Minas, e deve liquidar a fatura já no primeiro turno. Para Poit, o caminho é bem mais complicado. Ele oscila entre 1% e 3% das intenções de votos, dependendo do instituto que realiza a pesquisa.
Mas seu discurso é alinhado ao do correligionário mineiro. Poit quer migrar a estrutura central do governo paulista do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para o centro da capital, mais ou menos como Zema fez com o Palácio das Mangabeiras, que não é utilizado por ele como residência oficial e hoje virou um centro de exposição.
“O governador precisa subir em um helicóptero para sair do Palácio dos Bandeirantes e ir ao centro. Não tem condição essa ineficiência logística”, comentou o pré-candidato ao governo paulista durante sabatina realizada nesta segunda-feira (01/08), pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
A proposta de Poit é utilizar imóveis públicos vagos na região central da capital para montar a estrutura do seu eventual governo. Nessa mudança, haveria também um enxugamento de secretarias estaduais, das atuais 27 para 17, segundo o pré-candidato.
A redução da estrutura do governo é outro ponto de convergência com a gestão mineira, que cortou 50 mil cargos comissionados. “Quero fazer uma reforma administrativa séria, que vai valorizar o bom servidor, mediante avaliação de desempenho”, propõe.
Na educação, uma das inspirações do postulante ao governo paulista é o projeto Trilhas do Futuro, do governo Zema, voltado à capacitação e aperfeiçoamento profissional. “É preciso oferecer ensino técnico e profissionalizante com a ajuda do setor privado, com parceria da ACSP, da Fiesp, do Instituto Ayrton Senna, porque o Estado não consegue fazer tudo.”
No trato com o Legislativo, Poit disse ter aprendido com as dificuldades do governador mineiro, que viu seus projetos emperrarem por falta de apoio na assembleia. “Vejo o que aconteceu no governo de Minas, que teve um início difícil, e entendo que vou precisar dialogar mais, fazer alianças, para lidar com a Alesp [Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo].”
Mas quando se entra no campo tributário, de inspiração Zema passa a ser concorrente. Poit diz que pretende reduzir a carga tributária para as empresas para evitar que continuem migrando para outros Estados, em especial para o Sul de Minas, onde cidades como Extrema viraram uma espécie de paraíso tributário para empresas de São Paulo.
Nesse campo, o pré-candidato ao governo paulista diz que pretende revogar o decreto do ex-governador João Doria, que anulou desonerações do ICMS para vários produtos no início de 2021. À época, Doria tinha como justificativa o equilíbrio das contas públicas, em um momento de fragilidade da arrecadação por causa da pandemia.
A decisão foi criticada por diversos setores da economia, que questionaram o aumento do imposto em um momento em que as atividades econômicas estavam restritas.
“São Paulo tem R$ 286 bilhões no orçamento, não precisava ter taxado o paulista. Pretendo revogar o decreto que aumenta as alíquotas do ICMS. O correto é aumentar a base de arrecadação, para que as alíquotas possam ser menores”, disse Poit.
Ele afirmou ainda que pretende simplificar a vida de quem quer empreender, e se propõe a resgatar pontos vetados do chamado Código de Defesa do Contribuinte, como a liberação de alvará para atividades de baixo risco e a fiscalização orientadora.
Poit foi o terceiro candidato ao governo paulista sabatinado na ACSP. Antes dele, foram ouvidos o ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-ministro da infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). As sabatinas acontecem também com candidatos à presidência da República. Nesse caso, já participaram Luciano Bivar (União Brasil), Luiz Felipe D’Avila (Novo) e Simone Tebet (MDB).
IMAGEM: Novo/divulgação