São Paulo é protagonista na preparação da COP30
O Núcleo de Turismo (NUT), que faz parte do Conselho de Política Urbana (CPU) da ACSP, reuniu nomes para discutir as oportunidades do momento que antecede a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, mas terá seus pré-eventos na capital paulista

Em uma espécie de aquecimento para a COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, neste ano, São Paulo desponta como um coanfitrião por desempenhar um papel estratégico na preparação do evento. Milhares de visitantes farão escala no aeroporto de Guarulhos para embarcar em voos que os conduzam até Belém, e certamente a maior cidade brasileira terá papel de destaque na recepção de estrangeiros que chegarão ao país.
Desde já, a cidade tem sediado encontros e debates preparatórios para a COP30, como iniciativas que visam engajar a sociedade civil, o setor empresarial e especialistas para discutir soluções, apresentar propostas e aumentar a conscientização sobre a importância da conferência.
Na última quinta-feira, 08/05, o Núcleo de Turismo (NUT), vinculado ao Conselho de Política Urbana (CPU) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), teve a sua reunião inaugural com a presença de um grupo de especialistas para discutir como São Paulo pode servir como um importante motor para impulsionar a participação na COP30 e o sucesso do evento mundial.
Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP, Antônio Carlos Pela, vice-presidente da ACSP e coordenador do CPU, Virgílio Carvalho, coordenador adjunto do NUT, José Affonseca, CEO do Bora Preservar, Gilberto Natalini, ex-vereador e ex-secretário do Verde e do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, superintendente de Gestão Ambiental da USP e coordenadora do Centro de Pesquisa e Inovação em Clima e Sustentabilidade, e Antônio Carlos Stefano, coordenador-adjunto especial do CPU, participaram do debate.
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Ao citar a capacidade de mobilização, a concentração de conhecimento e recursos da cidade de São Paulo, Carlos Pela destacou que um evento dessa magnitude já começa a apresentar reflexos que estão sendo percebidos por todo o país. E que reuniões entre universidades, empresários e outros setores da cidade podem ser positivas para influenciar as decisões que serão tomadas na COP30.
Com uma agenda extensa sobre o tema, o festival Bora Preservar, liderado por José Affonseca, propõe criar uma ponte entre a COP 30 e os demais biomas brasileiros, reforçando a importância da preservação ambiental em todo o país. Ao levar o debate para São Paulo, Affonseca disse que o Bora Preservar amplia o alcance da discussão e engaja um público diverso em torno da causa da sustentabilidade.
A ação, com data marcada para acontecer nos dias 06, 07 e 08 de novembro deste ano, na Cidade Universitária em São Paulo, será um ponto de encontro para pessoas, empresas, organizações e o poder público, que desejam trocar experiências, estabelecer parcerias, construir soluções inovadoras para os desafios socioambientais e, especialmente, consolidar uma cultura de sustentabilidade no Brasil.
Parte deste projeto, Patrícia Iglecias, da USP, disse que trata-se de um momento estratégico para reposicionar o Brasil como liderança ambiental no cenário global. Para tanto, a USP também tem pesquisadores e especialistas que estão contribuindo para a discussão sobre as mudanças climáticas e as políticas a serem adotadas na COP30. Além disso, Patrícia apontou que o evento gera a oportunidade da USP compartilhar seus projetos de pesquisa mais recentes e suas reflexões em torno da temática ambiental, reunindo material que pode ser trocado com atores centrais na promoção de políticas públicas.
Já Natalini lembrou que São Paulo é a maior cidade do Brasil e a 5ª maior do mundo, de modo que a conduta de São Paulo na COP-30 é muito relevante para sensibilizar a população para todas essas questões e organizar propostas e novas práticas a partir do evento mundial. Além disso, o ex-vereador resgatou a trajetória de São Paulo, que foi pioneira na criação de um Plano do Clima (PlanClima), na criação de uma Secretaria Executiva do Clima (Seclima) e na aprovação (em 2009) da Lei Municipal de Mudanças Climáticas.
"São Paulo tem iniciativas de políticas climáticas, como a eletrificação da frota de ônibus urbanos, a decretação de 150 milhões de metros quadrados de parques naturais, a limpeza das ruas da cidade com água de reuso. Não é competição, queremos que o mundo admire Belém, mas antes da COP30, tudo o que for possível no campo científico, econômico e político, pode promover São Paulo", disse Natalini.
Do ponto de vista turístico, Virgílio apontou que Belém vem passando por uma ampla reestruturação em sua infraestrutura urbana e hoteleira, com previsão de receber mais de 50 mil participantes de todo o mundo, incluindo chefes de Estado, pesquisadores, lideranças indígenas e ativistas. Por outro lado, São Paulo está em constante evolução com a variedade de redes hoteleiras, desde grandes grupos internacionais a hotéis independentes.
"Precisamos colocar o turismo em todas as prateleiras e transpor as discussões dessa atividade que não é mais um bem de consumo supérfluo. São Paulo precisa e pode ser o motivo de se chegar antes e sair depois, tendo essa programação norteada pelas compras", disse.
IMAGEM: Cesar Bruneli/ACSP