CNC: Inadimplência continuou a avançar e afetou 30,4% das famílias em agosto
A Confederação prevê que o número de famílias com dívidas em atraso deve terminar o ano 1,6 ponto percentual acima do patamar de 2024

A inadimplência alcançou patamar recorde em agosto, pelo prisma do levantamento mensal da Confederação Nacional do Comércio (CNC), afetando 30,4% das famílias brasileiras. No mês anterior eram 30%. Também cresceu o número de pessoas que informaram não ter condições de pagar essas dívidas em atraso, que passou de 12,7% para 12,8% na comparação mensal, a maior taxa desde dezembro de 2024 (13,0%).
Os dados foram apresentados nesta terça-feira, 09/09, pela CNC, que, com base em perspectivas macroeconômicas, projeta mais alta para a inadimplência no ano. A Confederação prevê que o número de famílias com dívidas em atraso deve terminar o ano 1,6 ponto percentual acima do patamar de 2024.
Na pesquisa, a CNC recorda números do Banco Central que apontam que “a taxa média de juros cobrada dos consumidores apresentou evolução pelo sexto mês, atingindo 58,32% ao ano, a maior desde maio de 2023 (58,60%)”. Esse avanço dos juros, reforça a entidade, exige a “necessidade de mais cuidado com a inadimplência e com as famílias que não terão condições de pagar as contas atrasadas.”
Entre os inadimplentes, em agosto, 47,8% estavam nesta condição há mais de 90 dias - eram 47,5% em julho.

Endividamento – O número de endividados também avançou entre julho e agosto, passando de 78,5% para 78,8%, configurando o maior percentual desde novembro de 2022. E assim como para a inadimplência, a CNC projeta que o endividamento deve fechar o ano 3,1 ponto percentual acima do resultado de 2024.
O endividamento medido pela Confederação envolve cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
O cartão de crédito continuou a ter a maior participação no volume de endividados em agosto, sendo utilizado por 84,5% do total de devedores, mesmo percentual apresentado em julho. Mas houve retração de 1,2 ponto percentual na comparação com agosto de 2024.
Os carnês aparecem como o segundo motivo do endividamento, utilizado por 16,6% dos devedores, à frente do crédito pessoal, utilizado por 11% dos brasileiros que carregam dívidas. Vale destacar que um mesmo entrevistado pode utilizar mais de uma modalidade.
Um ponto positivo em agosto é que o percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas caiu de 18,9% para 18,6% na variação mensal. Dessa forma, segundo a CNC, o percentual médio de comprometimento da renda com dívidas reduziu para 29,3% no mês passado, o menor percentual desde maio de 2019 (29,3%). Em agosto, a maior parte das famílias (55,9%) possuía entre 11% e 50% da renda comprometida com dívidas.
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