COP30 e os desafios do Brasil
“A conferência deverá ter um perfil crítico para alinhamento do país às metas climáticas internacionais e envolver investimentos que fomentem um modelo econômico mais sustentável e inclusivo”

A COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, entre 10 e 21 de novembro de 2025, é um evento global crucial para o avanço nas metas climáticas mundiais. Entre os principais aspectos a serem debatidos, o foco será a redução das emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas, o financiamento climático para países em desenvolvimento, a justiça climática e a transição energética para energias renováveis.
O Brasil avança na transição energética com fazendas solares e parques eólicos, mas o grande problema envolvendo a energia gerada dar-se-á nas partes da manhã e tarde, quando o consumo é baixo. A falta de investimento em armazenamento dessa energia, para que seja consumida nos períodos de pico, faz com que a energia gerada seja bloqueada pelo operador nacional, ou seja, perde-se, colocando em xeque o avanço na transição energética.
A preservação da Amazônia terá papel central, ponto esse relevante, pois, como cenário de fundo, teremos a floresta de pé, com destaque para a criação de fundos que remunerem a conservação dos biomas tropicais e a mobilização de recursos para apoiar as nações mais vulneráveis.
O Brasil, como país sede e um dos principais atores nas discussões ambientais globais, enfrentará grandes desafios, principalmente relacionados ao desmatamento e à flexibilização da lei de licenciamento ambiental. O desmatamento na Amazônia representa 46% das emissões nacionais de gases de efeito estufa e, embora tenha conseguido uma redução de 30% no desmate em 2023, a situação no Pará, estado-sede da COP, ainda é preocupante, sendo o segundo estado com maior área desmatada em 2024. Há conflitos fundiários e uma política insuficiente de fiscalização e regularização fundiária, o que complica a proteção da floresta.
Quanto à flexibilização da lei de licenciamento ambiental, o projeto aprovado na Câmara dos Deputados em 2025 simplifica o processo de aprovação de empreendimentos de baixo e médio impacto, permitindo que as empresas iniciem atividades com compromissos autodeclaratórios, sem a exigência imediata de estudos técnicos detalhados. Tal medida é vista por especialistas e ambientalistas como um retrocesso, podendo agravar os problemas ambientais. Mesmo com críticas do Ministério do Meio Ambiente, e com os vetos do Presidente Lula, a manutenção de pontos, como a Licença Ambiental Especial (LAE) e o fortalecimento de licenciamento para determinados empreendimentos, ainda gera insatisfação e críticas sobre o potencial enfraquecimento da proteção ambiental no Brasil.
Além das questões ambientais, a COP30 enfrenta problemas logísticos significativos, incluindo a infraestrutura de segurança, o aumento exorbitante dos preços de hospedagem e a precariedade da infraestrutura local em Belém. Esses fatores geraram críticas e podem impactar a participação plena das delegações internacionais. Sem contar os problemas com alimentação e mobilidade urbana, exigindo investimentos urgentes para garantir condições dignas para acolher o grande público esperado no evento.
Esta conferência deverá ter um perfil crítico para alinhamento do país às metas climáticas internacionais e envolver investimentos que fomentem um modelo econômico mais sustentável e inclusivo. Vamos aguardar o desfecho da COP30.
**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio
IMAGEM: Fernando Frazão/Agência Brasil