Setembro, primavera da inclusão

Setembro sempre foi, para mim, um mês especial. A chegada da primavera está no meu imaginário como um período de renascimento e esperança, contado, cantado e comemorado historicamente por todas as culturas e civilizações!

Não é por acaso que este mês particular do calendário concentra um número tão expressivo de datas comemorativas e campanhas ligadas a temas inclusivos. Temos Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio e desestigmatização das doenças mentais, bem como contra a violência no trânsito. Setembro Azul marca a conscientização pelos direitos da comunidade surda. Já, o Verde é compartilhado por vários movimentos, como o de doação de órgãos, de combate ao câncer de intestino e pela inclusão social das pessoas com deficiência. Essas comemorações não são meras formalidades coloridas. Elas têm o poder de cutucar a sociedade, lembrando que inclusão é direito, não favor.

Lembro-me quando estava Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo (2017-2020), em um setembro desses, por exemplo, organizamos ações de fiscalização de acessibilidade nas calçadas da cidade, aproveitando a visibilidade da Semana Nacional do Trânsito. Pude observar que a mobilização e a conscientização se intensificam com campanhas emblemáticas e que essas comemorações podem ser muito eficientes em atrair a atenção de desatentos sobre questões que deveriam ser conhecidas e comportamentos que precisam ser alterados! 

É verdade que tem gente que torce o nariz para tantas campanhas comemorativas, mas minha experiência mostra que elas funcionam como excelentes gatilhos. Foi por causa do Mês Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência que vi, em várias cidades paulistas, obras de acessibilidade urbana saírem do papel. O Setembro Amarelo abriu espaço para falarmos sobre saúde mental em escolas e empresas, assunto antes tratado como tabu. E o Setembro Azul deu força à Libras e ao protagonismo da comunidade surda! Sem essas campanhas, muitas de nossas conquistas provavelmente não teriam acontecido.

Ou seja, atenção às datas de setembro, que têm o poder de transformar:

- 1 - Dia do Professor de Educação Física;

- 2 - Dia do Florista;

- 3 - Dia do Biólogo;

- 4 - Dia Mundial da Saúde Sexual;

- 5 - Dia Internacional da Caridade;

- 6 - Dia do Sexo;

- 7 - Dia Nacional da Distrofia Muscular de Duchenne;

- 8 - Dia Mundial da Fisioterapia;

- 9 - Dia Internacional para Proteger a Educação;

- 10 - Dia Internacional da Prevenção de Suicídios;

- 11 - Dia Nacional do Bombeiro Profissional;

- 12 - fundação do Instituto Benjamin Constant;

- 13 - Dia Nacional da Cachaça;

- 14 - Dia do Frevo;

- 15 - Dia Nacional da Musicoterapia;

- 16 - Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose;

- 17 - Dia Mundial da Segurança do Paciente;

- 18 - Dia da Igualdade Salarial;

- 19 - Dia do Ortopedista;

- 20 - Dia do Funcionário Municipal;

- 21 - Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência;

- 22 - Dia Nacional do Atleta Paralímpico;

- 23 - Dia Internacional das Línguas de Sinais;

- 24 - vacante, crie sua data!

- 25 - Dia Nacional do Trânsito;

- 26 - Dia Nacional do Surdo;

- 27 - Dia Nacional de Doação de Órgãos;

- 28 - Dia Internacional do Acesso Universal à Informação;

- 29 - Dia Mundial do Coração;

- 30 - Dia Internacional do Tradutor!

Ufa! Quem acha que setembro é só ipê florido, não sabe de nada!

Foi com isso tudo em mente que, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei nº 2251/2025 foi apresentado pela Senadora Mara Gabrilli, instituindo o Dia Nacional da Acessibilidade Digital, a ser comemorado todo 11 de março. Essa data não é em setembro, mas merece entrar neste artigo porque trata-se de um movimento que está acontecendo agora, mobilizando cada vez mais militância e parlamentares dos três níveis em todo o país.

Por estas e outras, gosto de pensar em setembro como sendo, mesmo, "o mês especial”, quando o óbvio é repetido e destacado, e parece que ficamos um pouquinho mais próximos do ideal de vida que queremos. Que a primavera, que começa em setembro, não seja só das flores, mas que, também, seja fértil em esperança e em convicção de que, com nossas ações afirmativas em datas comemorativas, nos posicionamos cada vez mais próximos de viver em um mundo estruturalmente acessível, eticamente justo e socialmente inclusivo.

**As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

 

IMAGEM: DC - gerada com IA Gemini