Fitch revê de 2,5% para 2,3% previsão do crescimento do PIB do Brasil em 2025

Para o PIB global, a agência projeta alta moderada, mas com possibilidade de revisão das expectativas diante da desaceleração da economia dos Estados Unidos

Estadão Conteúdo
10/Set/2025
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Fitch revê de 2,5% para 2,3% previsão do crescimento do PIB do Brasil em 2025

A Fitch Ratings revisou de 2,5% para 2,3% a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, apontando impacto dos juros altos na atividade maior do que o estimado anteriormente. Em relação a 2026, a estimativa passou de 2% para 1,9%.

Em relatório sobre a economia global, a agência de classificação de risco reavaliou previsões que tinha feito ao Brasil em junho, quando reiterou o rating do país em BB, dois degraus abaixo do grau de investimento, com perspectiva estável.

Assim como já havia apontado a chefe de ratings soberanos da Fitch para Américas e Ásia, Shelly Shetty, em evento pela manhã em São Paulo, a agência diz em seu relatório que o choque das tarifas americanas tende a ser modesto para o Brasil.

O resultado do PIB no segundo trimestre, com crescimento de 0,4% na margem, ficou abaixo das previsões feitas pela instituição em junho. A avaliação é de que a alta da Selic, que chegou a 15%, está tirando tração da economia brasileira. A Fitch espera manutenção do patamar atual até o fim do ano.

No início de 2026, a expectativa é que o BC comece a cortar os juros, levando a Selic para 12% até o fim do próximo ano. Antes disso, porém, a tendência é que os juros continuem pesando sobre o consumo doméstico, diz a Fitch.

Apesar do mercado de trabalho aquecido, a agência observa que houve uma desaceleração no crescimento dos salários e da renda. O terceiro trimestre começou com indicadores de alta frequência fracos, nota a instituição.

Por outro lado, a Fitch entende que o aumento da tarifa sobre produtos brasileiros no mercado americano, para 50%, deve ter efeito limitado sobre o crescimento econômico, que não tem grande dependência do comércio com os Estados Unidos. Além disso, pontua, diversos produtos entraram na lista de exceções à tarifa máxima.

Quadro fiscal e de inflação - Do lado fiscal, a Fitch cita a possibilidade de haver alguma pressão por estímulos antes das eleições do ano que vem. Observa, porém, que o orçamento federal de 2026 prevê melhora modesta no resultado das contas primárias e, portanto, a ausência de impulso fiscal.

A agência encerra seus comentários sobre o Brasil lembrando que a inflação do país, após se manter consistentemente acima da meta perseguida pelo Banco Central (3%), começa a ceder modestamente nos núcleos. Agora, a agência espera que a inflação medida pelo IPCA desacelere ainda mais, terminando 2025 em 4,9%, ao invés de 5,5% como previsto antes.

Mundo

A Fitch elevou moderadamente sua previsão de crescimento mundial para 2025, com base em dados melhores do que o esperado para o segundo trimestre deste ano. No entanto, agora há evidências de uma desaceleração nos EUA, com base em dados econômicos "concretos", e a Fitch espera que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial desacelere significativamente este ano.
 
O crescimento global agora está previsto para ser de 2,4% em 2025, um aumento de 0,2 ponto porcentual em relação ao relatório anterior, de junho, mas um arrefecimento considerável ante o avanço de 2,9% no ano passado.
 
A previsão para a China foi elevada para 4,2% para 4,7%, a da zona do euro para de 0,8% para 1,1% e a dos EUA de 1,5% para 1,6%. "Maior clareza sobre os aumentos tarifários dos EUA não altera o fato de que eles são enormes e reduzirão o crescimento global. E evidências de uma desaceleração nos EUA agora estão aparecendo nos dados concretos; não está mais apenas nas pesquisas de sentimento", diz o economista-chefe da Fitch, Brian Coulton.
 
Segundo a agência de classificação de risco, a inflação mais alta irá amortecer o crescimento real dos salários e pesar sobre os gastos dos consumidores americanos, que já desaceleraram significativamente em 2025. "O crescimento do emprego também esfriou, refletindo em parte o impacto da restrição à imigração no crescimento da força de trabalho", acrescenta.
 
A Fitch ainda espera que a taxa de crescimento anual média do PIB dos EUA permaneça bem abaixo da tendência, em 1,6% no próximo ano.
 
 
IMAGEM: Freepik

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