WeForum reúne lideranças femininas globais em Belo Horizonte

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) indicam que, atualmente, apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras são lideradas por mulheres. A média mundial é de 24%. Esse e outros números, ainda considerados baixos, ilustraram as discussões da quarta edição do Women Entrepreneur Forum (WeForum), que teve início na quarta-feira (26/3), no Teatro Sesi Minas, em Belo Horizonte.

A abertura do evento foi conduzida por Ana Claudia Badra Cotait, presidente do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), instituição da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e por Mônica Monteiro, presidente do Fórum Industrial da Mulher Empresária da CNI e presidente global do Brics WBA, que reúne países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O WeForum foi organizado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).

A sede atual do Brics é o Brasil e, por conta disso, vários eventos estão acontecendo no país, como o WeForum, que passou a fazer parte da agenda do bloco por meio da WBA - sigla em inglês para “Aliança Empresarial de Mulheres do Brics”. O termo foi proposto pela Rússia no primeiro Congresso Internacional de Mulheres da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) e pelos estados membros do bloco em 2017.

Delegações da China, Índia, Rússia, entre outras, participam do evento, assim como conselheiras e membros do CMEC de várias regiões do Brasil. Durante o evento, esse grupo de mulheres empreendedoras terá a chance de interagir pessoalmente com CEOs e líderes empresariais de diversos setores e países, fortalecendo sua rede de contatos.

 

Na opinião da presidente do CMEC, o que falta é acesso a recursos financeiros, no combate às desigualdades e à violência de gênero no ambiente de negócios e na promoção de espaços de trabalho seguros e inclusivos.

"Vamos identificar potenciais oportunidades de negócios e exportações. Inovação, tecnologia, sustentabilidade e economia também são pautas femininas. Devemos fortalecer nossa presença em espaços de influência e adotar uma postura ativa na busca por posições de comando", diz Ana Claudia.

Comemorando o fato de que a participação feminina no mercado tem crescido, Mônica ressalta que é preciso atenção e estratégia para elevar essa presença em meio a retrocessos na agenda da equidade. A despeito do nível de escolaridade duas vezes superior à dos homens, a disparidade salarial ainda é uma questão a ser resolvida: o rendimento das mulheres é 79% menor que o dos homens. Além disso, menos de 40% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.

"Vamos desafiar o status quo e abrir caminho para que outras mulheres alcancem posições de liderança. A cultura corporativa ainda impõe barreiras sutis, critérios subjetivos de promoção e um networking masculino poderoso".

 

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), destacou o papel da mulher em várias áreas e ressaltou que o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) tem uma linha exclusiva voltada para mulheres com taxas reduzidas. De acordo com Zema, a procura por esse tipo de crédito vem crescendo.

Em 2024, o BDMG liberou R$ 70 milhões dentro das linhas específicas para mulheres, 23% a mais do que no ano anterior. O número de empresas atendidas foi 20% maior do que em 2023, superando mil empreendedoras. Juntas, elas contribuíram para injetar R$ 80 milhões na economia mineira em 2024, segundo o governador. Os setores que mais demandaram crédito foram os de Comércio e Serviços, distribuídos por todas as regiões do estado.

"As mulheres melhoram as estatísticas e, à medida que elas avançam, a sociedade ganha. As mulheres estão aptas a assumir não apenas cargos de liderança e em conselhos de administração das empresas, mas também cargos públicos", disse o governador.

Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), também destacou a importância do evento e do fortalecimento do protagonismo das mulheres no mundo empresarial, como, por exemplo, o aumento da participação feminina nos cargos de liderança da entidade.

"No Brasil, o cenário empresarial historicamente favorece homens em posições de poder. Mas acredito que as lideranças femininas têm trazido uma nova forma de gestão, baseada em colaboração, inovação e impacto social”, disse.

 

O primeiro dia do evento foi encerrado com um painel sobre internacionalização e teve Zhao Haiying, representante do Brics na China, como destaque. O país asiático tem se mantido líder em exportação nos últimos anos e, graças ao avanço tecnológico nas últimas décadas, tornou-se referência no quesito logístico e de infraestrutura.

"O comércio eletrônico chinês tem revolucionado a forma como as pessoas compram e vendem, e tem estabelecido tendências e incentivado a busca global pela modernização", disse Haiying.

Ela destacou que uma das principais características da logística rápida na China é a utilização de tecnologia avançada, como inteligência artificial, e a rede de transporte do país, que inclui rodovias, ferrovias, portos e aeroportos modernos e eficientes - e deve ser um exemplo a ser seguido.

 

IMAGENS:WeForum/divulgação