Le Pink Collective: o negócio que quer deixar o Centro de SP bem na foto

Há cinco anos, a empresária Ana Carolina Ferreira comprou um imóvel desocupado na Avenida São João e o transformou em um cenário instagramável para produção de conteúdo. Deu certo, e agora ela aposta em novas experiências imersivas na região

Mariana Missiaggia
02/Set/2025
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Le Pink Collective: o negócio que quer deixar o Centro de SP bem na foto

Fugindo do lugar-comum, a empresária Ana Carolina Ferreira enxergou em um imóvel tombado do Centro de São Paulo a chance de reproduzir aquilo que via acontecer em Londres. Sua ideia era reunir em um mesmo espaço diferentes possibilidades de uso e uma estética marcante.

Na última década, Carolina se especializou em transformar ambientes impessoais, normalmente destinados a hospedagens, em lugares criativos e inusitados, que tivessem uma identidade visual forte e servissem para diferentes propósitos. Em São Paulo, foi no número 324 da Avenida São João, o edifício Oscar Rodrigues, construído em 1944, que a empresária encontrou o seu lugar para fundar a Le Pink Collective.

Inspirados em narrativas, cinema, arte e momentos históricos, os espaços não são apenas para se hospedar ou trabalhar, funcionam também como cenário para produções e palco de ativações culturais, que podem ser locados a partir de R$ 250 a hora.

Com decoração maximalista no estilo shabby chic - que cria um ambiente romântico, elegante e acolhedor -, e paredes supercoloridas, o espaço foi feito para estimular a criatividade e criar conexões entre pessoas, negócios e culturas, explica Carolina.

"É menos sobre o espaço em si e mais sobre a forma como ele é usado para contar histórias e gerar impacto criativo."

Para além das paredes da Le Pink, Carolina diz acreditar no conceito como algo que supera os negócios, e que surge com uma missão clara de provar que a beleza e a criatividade podem - e devem - ser as forças por trás da revitalização do Centro de São Paulo.

Cores vibrantes do apartamento do Le Pink Collective na Avenida São João, em São Paulo, criam um cenário de filme com ambientes fora do padrão

 

O surgimento da Le Pink

Ao contar a história da Le Pink, Carolina diz que a ideia de construir um portfólio de espaços que fugissem do padrão começou em 2015, em Londres, quando ainda trabalhava no mercado de luxo, como visual merchandising. Foi quando viu a oportunidade de criar algo novo. O primeiro teste aconteceu em um apartamento todo em branco, que ela pôde colorir como queria. No ano seguinte, veio o segundo apartamento, no mesmo prédio, ambos pertencentes a mulheres que moravam sozinhas e queriam mais identidade para o lugar em que viviam.

Com o tempo, mais de vinte projetos similares foram acontecendo. Mesmo morando fora do Brasil, ela diz ter acompanhado os movimentos de revitalização do Centro Histórico de São Paulo, os projetos de retrofit e desejava fazer parte desse movimento com o projeto da Le Pink que já tinha em mente.

Em 2020, mesmo à distância e em plena pandemia, soube de algumas oportunidades com os valores dos imóveis e as taxas de juros mais baixos. Ela pagou R$ 280 mil pelo apartamento, avaliado atualmente em, pelo menos, R$ 600 mil. "O imóvel valia mais do que estava sendo pedido e estava em uma localização privilegiada", lembra.

Todo o processo levou cerca de cinco meses. Ela conta que o apartamento tinha alguns problemas de infiltração e estrutura, que foram fáceis de resolver. Quase todos os elementos originais foram mantidos: pisos de madeira, portas, janelas. Apenas o corredor, a cozinha e o banheiro precisaram de intervenções maiores para recuperar a essência original. 

A cereja do bolo foi a descoberta de que o próprio edifício parecia ter saído de um filme, conta a empresária. Trata-se de um edifício com a fachada cor-de-rosa, com elevador vermelho e dourado e porta preta de correr, elementos que remetem diretamente ao universo de O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, que acabou inspirando todo o conceito criativo do apartamento.

Além de muitos desafios, Carolina recorda que a pandemia trouxe também um novo significado à região, com uma demanda por experiências de hospedagem em edifícios icônicos, como o Copan e o Mirante do Vale, além do desejo de redescobrir a própria cidade. Logo após a retomada dos negócios pós-pandemia, o empreendimento girou cerca de R$ 700 mil em um ano de operação.

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"Estruturei cada segmento de forma clara, com propostas e valores distintos", conta Ana Carolina. Essa clareza ajudou o público a entender que a Le Pink era mais do que um lugar para ficar; era um ambiente vivo, feito para estimular a criatividade e conectar pessoas, negócios e culturas.

Hoje, o faturamento da Le Pink é dividido entre duas frentes. Cerca de 50% vêm de hospedagens e a outra metade de locações e audiovisual, fechados de forma personalizada.

Apartamento da Le Pink em que quase todos os elementos originais foram mantidos: pisos de madeira, portas e janelas. Comprado por R$ 280 mil, hoje o imóvel vale R$ 600 mil 

 

Embora reconheça que ainda há resistência em relação à região central de São Paulo, Carolina aposta no potencial da criatividade para transformar lugares. A empresária diz ter como missão criar experiências tão especiais que as pessoas queiram ir aos locais, não apenas pela localização, mas porque encontram algo único, com propósito e identidade.

"Se estivesse em bairros como Pinheiros ou Vila Madalena, provavelmente teria uma taxa de ocupação e uma procura muito maiores. Mas isso não me desanima, pois quando transformamos espaços ociosos em ambientes criativos e multiuso, criamos desejo, atraímos pessoas e formamos comunidades."

Para alcançar público, a empresária diz apostar no Instagram, no mailing e em outros canais digitais, sempre de forma direta, criando um diálogo constante com quem se identifica com a proposta. Nesses últimos cinco anos, sua veia de diretora apareceu em outros projetos semelhantes, porém um pouco mais segmentados, como a ambientação do apartamento inspirado no filme Amelie Poulain, que fica no icônico Edifício Germaine Burchard, disponível para locações curtas - também no Centro de São Paulo.

Sempre de olho em novas oportunidades, a empresária diz estar agora empenhada em priorizar as experiências imersivas da Le Pink, que também podem acontecer em colaboração com outros lugares e parceiros. A mesma estratégia que já vem desenvolvendo em imóveis em Londres e na Itália, e que deseja trazer cada vez mais para o público brasileiro.

"Ou seja, é menos sobre abrir novos endereços e mais sobre ampliar a forma como as pessoas vivem e se conectam com a nossa proposta criativa", diz.

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IMAGENS: Le Pink/divulgação

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