Ratinho Jr. diz que modelo de gestão do Paraná poderia ser replicado nacionalmente

Em visita à ACSP, governador evitou se antecipar a uma possível candidatura, mas apresentou dados positivos do seu estado, sinalizando que podem ser capitalizados em uma eventual disputa. Também criticou a PEC da Blindagem e defendeu uma saída política para a anistia

Karina Lignelli
22/Set/2025
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Ratinho Jr. diz que modelo de gestão do Paraná poderia ser replicado nacionalmente

Pesquisas recentes apontam Ratinho Júnior (PSD) como um dos poucos candidatos com potencial de transitar entre eleitores de centro e parte da esquerda, ao lado de nomes como Ronaldo Caiado (União), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo). Mesmo evitando se antecipar, o governador do Paraná, ao apresentar os dados positivos de suas duas gestões à frente do estado, que agora caminha para o último ano de mandato, não descartou a possibilidade de ser o nome do PSD para 2026.  

Em visita à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ratinho Júnior abordou temas de impacto econômico e político nacional durante reunião do Conselho Político e Social (Cops) realizada nesta segunda-feira, 22/09, apontando ingredientes que, somados, podem sustentar sua projeção para 2026 sem queimar etapas.  

Usando como vitrine seu modelo de gestão baseado em pragmatismo econômico, o governador fez questão de reforçar o foco em planejamento a médio e longo prazo, que inclui até a criação de um fundo soberano, crescimento econômico robusto (6,1%), melhoria de indicadores sociais e um grande volume de investimentos privados - R$ 330 bilhões, para ser mais exato. 

O governador mais jovem do Brasil (tem 44 anos hoje), reeleito com 70% dos votos válidos em 2022, também sinalizou que isso pode ser capitalizado como trunfo em uma eventual disputa em 2026. Sem confirmar planos, Ratinho Júnior destacou outros resultados do Paraná - melhor educação do país, quatro vezes eleito estado mais sustentável, entre outros -, mas preferiu reforçar o discurso de que sua prioridade é concluir o mandato com bons números.

"Tudo isso é fruto de planejamento e organização. Passamos a ser o quarto PIB do Brasil. Éramos o quinto. Somos a terceira força da indústria brasileira. São alguns números que destaco no crescimento econômico do estado do Paraná. Penso que, se é possível fazer esse modelo regionalmente, é possível fazer isso no Brasil."

Mesmo assim, admitiu satisfação com a lembrança de seu nome, já que foi citado nominalmente como candidato ou presidente por vários presentes à reunião. “2026 será discutido em 2026. Estou honrado de ver meu partido me colocar no tabuleiro, mas meu foco é entregar um bom governo no Paraná", destacou, mesclando foco em gestão com cautela eleitoral.

Tarifaço, PEC da Blindagem e anistia 

Em conversa com jornalistas, Ratinho Júnior destacou a preocupação com os efeitos do tarifaço de Trump no Paraná, em especial no setor madeireiro - o mais afetado pela decisão do governo norte-americano de impor tarifas adicionais a produtos brasileiros no estado. Como maior produtor nacional de derivados de madeira de reflorestamento, e tendo os Estados Unidos como principal mercado, para minimizar prejuízos o governo estadual mobilizou recursos de R$ 200 milhões pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), antecipou créditos tributários e concedeu diferimentos fiscais ao setor.

“Diplomaticamente há dificuldade, e não vejo por parte do governo brasileiro dedicação suficiente para tentar resolver isso”, afirmou, lembrando que o próprio setor que representa a associação dos madeireiros tem buscado escritórios jurídicos nos Estados Unidos para fazer essa intermediação por parte do governo do estado. 

O governador também avaliou a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados que amplia garantias legais a parlamentares e autoridades, a chamada "PEC da Blindagem". Para ele, a medida foi precipitada e pouco debatida com a sociedade - tanto que muitos parlamentares que votaram para aprovar voltaram atrás. Por isso, disse, o Senado está certo em refletir sobre o tema.

"Não dá para dar segurança jurídica em uma área específica, como para as autoridades, enquanto a sociedade luta há anos pelo fim do foro privilegiado”, afirmou. Ratinho Júnior também defendeu que o Congresso não pode se pautar por pressões das redes sociais para votar as pautas, que deveria priorizar reformas estruturais, como a revisão do Código Penal, e não medidas como essa, de autoproteção política. "Essa votação foi inapropriada", reforçou.

Perguntado se as manifestações do último domingo foram uma resposta à precipitação dos parlamentares, o governador minimizou e disse que foi apenas uma manifestação político-partidária. "Como tem de um lado, tem do outro também. São narrativas que tentam ser criadas para mostrar quem está ora de um lado, ora de outro. Acho que, para a sociedade como um todo, isso pouco interessa; o que interessa é que o Congresso funcione bem e com responsabilidade."

O governador do Paraná também foi questionado sobre a anistia e os parlamentares recém-julgados ou envolvidos em processos políticos, mas preferiu defender uma solução que traga estabilidade institucional. “O Congresso precisa estudar a melhor alternativa. Não é hora de achar culpados, mas de pacificar o país. O Brasil está gastando muita energia olhando para o retrovisor, e isso atrasa investimentos e desenvolvimento”, concluiu.

IMAGEM: Fernando Piovezam/ACSP 

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