Ratinho Jr. diz que modelo de gestão do Paraná poderia ser replicado nacionalmente
Em visita à ACSP, governador evitou se antecipar a uma possível candidatura, mas apresentou dados positivos do seu estado, sinalizando que podem ser capitalizados em uma eventual disputa. Também criticou a PEC da Blindagem e defendeu uma saída política para a anistia

Pesquisas recentes apontam Ratinho Júnior (PSD) como um dos poucos candidatos com potencial de transitar entre eleitores de centro e parte da esquerda, ao lado de nomes como Ronaldo Caiado (União), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo). Mesmo evitando se antecipar, o governador do Paraná, ao apresentar os dados positivos de suas duas gestões à frente do estado, que agora caminha para o último ano de mandato, não descartou a possibilidade de ser o nome do PSD para 2026.
Em visita à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ratinho Júnior abordou temas de impacto econômico e político nacional durante reunião do Conselho Político e Social (Cops) realizada nesta segunda-feira, 22/09, apontando ingredientes que, somados, podem sustentar sua projeção para 2026 sem queimar etapas.
Usando como vitrine seu modelo de gestão baseado em pragmatismo econômico, o governador fez questão de reforçar o foco em planejamento a médio e longo prazo, que inclui até a criação de um fundo soberano, crescimento econômico robusto (6,1%), melhoria de indicadores sociais e um grande volume de investimentos privados - R$ 330 bilhões, para ser mais exato.
O governador mais jovem do Brasil (tem 44 anos hoje), reeleito com 70% dos votos válidos em 2022, também sinalizou que isso pode ser capitalizado como trunfo em uma eventual disputa em 2026. Sem confirmar planos, Ratinho Júnior destacou outros resultados do Paraná - melhor educação do país, quatro vezes eleito estado mais sustentável, entre outros -, mas preferiu reforçar o discurso de que sua prioridade é concluir o mandato com bons números.
"Tudo isso é fruto de planejamento e organização. Passamos a ser o quarto PIB do Brasil. Éramos o quinto. Somos a terceira força da indústria brasileira. São alguns números que destaco no crescimento econômico do estado do Paraná. Penso que, se é possível fazer esse modelo regionalmente, é possível fazer isso no Brasil."
Mesmo assim, admitiu satisfação com a lembrança de seu nome, já que foi citado nominalmente como candidato ou presidente por vários presentes à reunião. “2026 será discutido em 2026. Estou honrado de ver meu partido me colocar no tabuleiro, mas meu foco é entregar um bom governo no Paraná", destacou, mesclando foco em gestão com cautela eleitoral.
Tarifaço, PEC da Blindagem e anistia
Em conversa com jornalistas, Ratinho Júnior destacou a preocupação com os efeitos do tarifaço de Trump no Paraná, em especial no setor madeireiro - o mais afetado pela decisão do governo norte-americano de impor tarifas adicionais a produtos brasileiros no estado. Como maior produtor nacional de derivados de madeira de reflorestamento, e tendo os Estados Unidos como principal mercado, para minimizar prejuízos o governo estadual mobilizou recursos de R$ 200 milhões pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), antecipou créditos tributários e concedeu diferimentos fiscais ao setor.
“Diplomaticamente há dificuldade, e não vejo por parte do governo brasileiro dedicação suficiente para tentar resolver isso”, afirmou, lembrando que o próprio setor que representa a associação dos madeireiros tem buscado escritórios jurídicos nos Estados Unidos para fazer essa intermediação por parte do governo do estado.
O governador também avaliou a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados que amplia garantias legais a parlamentares e autoridades, a chamada "PEC da Blindagem". Para ele, a medida foi precipitada e pouco debatida com a sociedade - tanto que muitos parlamentares que votaram para aprovar voltaram atrás. Por isso, disse, o Senado está certo em refletir sobre o tema.
"Não dá para dar segurança jurídica em uma área específica, como para as autoridades, enquanto a sociedade luta há anos pelo fim do foro privilegiado”, afirmou. Ratinho Júnior também defendeu que o Congresso não pode se pautar por pressões das redes sociais para votar as pautas, que deveria priorizar reformas estruturais, como a revisão do Código Penal, e não medidas como essa, de autoproteção política. "Essa votação foi inapropriada", reforçou.
Perguntado se as manifestações do último domingo foram uma resposta à precipitação dos parlamentares, o governador minimizou e disse que foi apenas uma manifestação político-partidária. "Como tem de um lado, tem do outro também. São narrativas que tentam ser criadas para mostrar quem está ora de um lado, ora de outro. Acho que, para a sociedade como um todo, isso pouco interessa; o que interessa é que o Congresso funcione bem e com responsabilidade."
O governador do Paraná também foi questionado sobre a anistia e os parlamentares recém-julgados ou envolvidos em processos políticos, mas preferiu defender uma solução que traga estabilidade institucional. “O Congresso precisa estudar a melhor alternativa. Não é hora de achar culpados, mas de pacificar o país. O Brasil está gastando muita energia olhando para o retrovisor, e isso atrasa investimentos e desenvolvimento”, concluiu.
IMAGEM: Fernando Piovezam/ACSP