No topo do varejo mundial

O Walmart conquistou mais uma vez a primeira posição no ranking anual Top 50 Global Retailers, que traz os varejistas mundiais mais impactantes em 2025. Ao lado dele, Amazon, Schwarz Group, Aldi e Costco Wholesale completam as cinco primeiras posições de uma lista que revelou a consolidação de gigantes em um ano de incertezas, a dificuldade de outras empresas quebrarem a bolha das maiores, o comportamento do consumo pós-pandemia e os reflexos da desaceleração econômica da China.

O ranking é organizado pela National Retail Federation (NRF, a associação do varejo dos Estados Unidos) em parceria com a empresa de pesquisas Kantar, e considera os resultados das operações de 2024. Empresas de capital aberto e fechado são avaliadas, desde que tenham investimentos diretos em pelo menos três países. Elas são classificadas por um sistema de pontos, que considera apenas vendas específicas de varejo. Outras receitas, como mídia, por exemplo, não entram no cálculo.

“A consistência no topo da lista reflete o tamanho dos maiores varejistas globais. Há um movimento significativo entre outros nomes do mercado, mas é difícil entrar no grupo dos 10, dada a escala de suas operações”, diz o diretor-executivo de Pesquisas da NRF, Mark Mathews. “Os líderes permaneceram comprometidos em fortalecer suas operações no ano, investindo em expansões para novos mercados com fusões e aquisições, atualizações em infraestrutura e novas capacidades de mídia de varejo, consolidando sua posição, apesar da forte concorrência”, explica.

Apostas das líderes

No caso do Walmart, isso se traduziu em receita total de varejo de US$ 676 bilhões e 10.692 lojas espalhadas por todos os continentes, que se traduziram em 502 pontos no ranking global. O gigante manteve a liderança de anos com sua estratégia omnichannel e um programa de remodelação eficaz em suas bandeiras em nível internacional. O marketplace avança a passos largos na empresa, que registrou crescimento em todas as suas divisões, com melhorias notáveis nos mercados da China e América Central.

A Amazon, segunda colocada na lista, apresentou receita de varejo de US$ 393 bilhões e obteve 376 pontos no ranking, com estratégia focada na Amazon Web Services e nas taxas de marketplace. A empresa está expandindo seus serviços de atendimento e logística globalmente para dar suporte ao seu negócio principal e aos serviços de terceiros.

As duas alemãs que vêm na sequência - Schwarz Group e Aldi – fizeram investimentos distintos. Enquanto a primeira, detentora das bandeiras Lidl e Kaufland, inovou nas lojas existentes e na expansão online, o Aldi vem assumindo cada vez mais riscos em novos mercados e aposta em fusões e aquisições. O varejista, que é o mais forte da Europa Central, priorizou Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, além da China.

O Costco, por sua vez, se voltou a mercados menores como Islândia, Nova Zelândia e Suécia. A rede ainda continua expandindo na região Ásia-Pacífico, sem deixar de lado o forte crescimento nos Estados Unidos e Canadá, onde já é a segunda maior varejista do mercado.

Completam a lista das top 10, a holandesa Ahold Delhaize, a francesa Carrefour, a japonesa Seven & I, a nascida na Suécia mas hoje holandesa Ikea e a norte-americana The Home Depot.

No caso do Carrefour, vale destacar a importante participação do mercado brasileiro para o desempenho da rede. Segundo os organizadores do ranking, a empresa teve um desempenho fraco nos mercados europeus em 2024, mas foi alavancada pelo crescimento no Brasil e na América Latina, o maior mercado do Carrefour, com cerca de 40% da receita.

Recuperação do turismo e dos shoppings

“O varejo na maioria dos países teve um 2024 melhor que o ano anterior, com os consumidores indo às compras apesar das muitas incertezas que afetaram o mercado ao longo do ano. Nos Estados Unidos, os gastos permaneceram fortes”, lembra Mathews. Ele ressalta que os custos da cadeia de suprimentos, no geral, ficaram moderados, enquanto houve aumento de salários em vários países. Houve, ainda, um retorno maior de consumidores a lojas e shopping centers.

Os shoppings vêm incorporando métodos inovadores para atrair consumidores, especialmente a Geração Z. Isso inclui a realização de eventos e a adição de lojas pensadas para o público jovem. As âncoras migraram de lojas de departamento para centros de entretenimento e esportes.

De acordo com os organizadores do ranking, houve expansão dos centros de compras no Oriente Médio, América Latina e Ásia, tanto em tamanho quanto em tipos de inquilinos, incluindo varejistas de estilo de vida baseados na Ásia, serviços de alimentação e até o retorno de livrarias em alguns mercados.

Mas o grande destaque positivo do ano nos negócios, conforme destaca o diretor de pesquisas da NRF, foi o salto de recuperação do turismo pós-pandemia, que refletiu bastante nos resultados do ano passado. “O ressurgimento do turismo global beneficiou significativamente Japão, Estados Unidos, México e alguns países europeus. Espaços de varejo em aeroportos e estações ferroviárias evoluíram para formatos semelhantes aos de shopping centers, enquanto caixas eletrônicos com identificação visual foram implementados nesses espaços para reduzir as perdas”, afirma.

China

Em contrapartida, o enfraquecimento do crescimento econômico da China e o mercado imobiliário em dificuldades foram os destaques negativos. “Locais que se beneficiaram do turismo chinês antes de 2020, como varejistas no Canadá e em cidades norte-americanas, e lojas de departamento no Japão, não viram o retorno esperado de visitantes com alto consumo. Mesmo o varejo na China, incluindo o forte canal de comércio eletrônico, permaneceu estável durante a maior parte do ano”, diz o sênior vice-presidente de Global Insights e Tecnologia da Kantar, Dave Marcotte.

Ele explica que as varejistas chinesas, que haviam apresentado o crescimento mais rápido antes da pandemia, também desaceleraram. Houve impactos ainda devido a regulamentações governamentais relativas à inclusão e apoio social.

O Alibaba, que chegou a ser o quinto colocado na lista de 2021, vem se retraindo ano a ano e agora está na 18ª posição, após a venda de lojas e a limitação de suas divisões financeira e logística. A JD.com se concentrou mais em sua expertise em logística e se afastou parcialmente de novas tecnologias financeiras.

Já a PDD Holdings, por outro lado, expandiu-se internacionalmente com sucesso com o site de comércio eletrônico Temu. A Shein, em rápida ascensão, vem revolucionando os mercados globais com seu modelo de negócios de fast fashion de baixo custo, ressalta Marcotte. “Temu e Shein tiveram um bom desempenho nos EUA com seu alto limite para frete duty-free no ano passado. No entanto, com essa isenção terminando em 2025, ambas migraram para armazenagem mais local.”

O Brasil não teve nenhuma varejista listada entre as Top 50 Maiores de 2025 e a América do Sul foi representada apenas por duas companhias chilenas, a Cencosud, em 37º lugar, e a Falabella, em 46º. Veja o ranking completo no site da NRF aqui.

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IMAGEM: Walmart/divulgação