Seminário na ACSP debate meios para reduzir os números da violência em SP e no Brasil

O Coronel José Augusto Coutinho, comandante-geral da Polícia Militar paulista, apresentou dados que mostram que o estado de São Paulo está no caminho certo, com queda no número de roubos e latrocínios

Rebeca Ribeiro
26/Set/2025
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Seminário na ACSP debate meios para reduzir os números da violência em SP e no Brasil

O número de roubos em geral no Estado de São Paulo caiu 15,3% de janeiro a agosto de 2025, em relação ao mesmo período de 2024. Os latrocínios caíram 23,9% em igual comparação, assim como os roubos de veículo, que recuaram 13,3%. Em relação ao número de homicídios dolosos, a taxa média foi de 5,62 por 100 mil habitantes, de abril de 2024 a março de 2025.

Os dados foram apresentados pelo Coronel José Augusto Coutinho, Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, durante o Simpósio Nacional de Segurança Pública organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) nesta sexta-feira, 26/09.

O encontro, que teve como objetivo discutir as ações da segurança pública, principalmente no Estado de São Paulo, contou com a participação de Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP, Luiz D’Urso, vice-presidente da ACSP, e de autoridades como Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, e Orlando Morando, Secretário de Segurança Urbana da Cidade de SP.

Para Derrite, os fatores que explicam a queda nos números da violência em São Paulo envolvem o aumento no efetivo de policiais, o convite para que veteranos da Polícia Militar voltassem às ruas, o aumento de vagas nos intensivos da Polícia Civil, os investimentos em tecnologias como Smart Sampa e mais inteligência policial.

Com as câmeras do Smart Sampa e o programa de monitoramento Muralha Paulista, a força policial consegue ser avisada instantaneamente em caso de roubo de veículos e residências, assim como a localização de infratores foragidos. Um exemplo do uso dessas tecnologias, apresentado por Morando, foi a prisão de um infrator na Rua 25 de Março, procurado por torturar lojistas da região, após ser flagrado pelas câmeras do Smart Sampa.

Além das câmeras espalhadas pela Prefeitura de São Paulo, agora os moradores da cidade poderão inscrever suas câmeras residenciais ou comerciais no programa de monitoramento, aumentando as chances de localizar infratores ou foragidos da polícia.  

“Quando uma residência é invadida, o sistema é avisado automaticamente. Além disso, agora fazemos a análise de carros e placas”, diz Morando. Segundo ele, o programa de identificação já ajudou em quase 500 crimes investigados pela Polícia Civil, entre eles o latrocínio - roubo seguido de morte - do ciclista Vitor Medrado, em que os infratores trocaram de roupa após o assalto, mas não trocaram o tênis e por meio deste item a polícia os encontrou na Comunidade de Paraisópolis.

O programa Smart Sampa também tem auxiliado na identificação de veículos roubados. Desde a implantação do programa em parceria com o Detran já foram recuperadas 300 motos. Além disso, o programa também foi implementado nos ônibus de viagens, com câmeras de reconhecimento facial. Morando explica que essa ação foi tomada após identificarem que 30% dos infratores presos em São Paulo eram de outros estados, majoritariamente da Bahia, tendo como principal destino a Barra Funda ou o Terminal Tietê. “O procurado tem medo de avião, por conta das câmeras, e evita carro, por conta das fiscalizações, então, ele vai de ônibus”, diz Morando.

Apesar das ações, Derrite compartilha que a reincidência dos crimes ainda é uma grande dificuldade da segurança pública, já que "leis muito brandas permitem que um mesmo infrator cometa novos crimes e seja preso diversas vezes."

Crime organizado

Outro ponto crucial para a diminuição de crimes no Estado de São Paulo, segundo Derrite, é o combate ao crime organizado. Para isso, foram identificadas as principais regiões de atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC), sendo o Litoral Sul, a região da Baixada Santista e o Centro de São Paulo - na Cracolândia - alguns deles.

Para isso, as ações que culminaram na operação Downtown e Salus et Dignitas partiram de três princípios: asfixia financeira, quebra da cadeia logística e da estrutura criminosa. “A teoria econômica do crime explica essa estrutura. Se a operação não der dinheiro, conseguimos conter e acabar com o crime organizado no Brasil", explica o coronel Coutinho. 

Para combater o crime organizado nessas regiões, foi necessário um trabalho de inteligência policial, que mostrou que o PCC trazia as drogas majoritariamente da Bolívia, passava pela Baixa Santista, onde acontecia o refino da droga. Após isso, seguia para a favela do Moinho, que era usada como bunker do PCC, e depois distribuídas nos hotéis ao redor da Cracolândia. Esses hotéis forneciam espaços para os usuários e para drogas e, através dos CNPJs de laranjas, faziam a lavagem de dinheiro.

“Eram hotéis extremamente precários que faturavam cerca de R$ 20 mil por mês. Esse dinheiro era distribuído para outra empresa e depois para alguns envolvidos com o crime organizado, como o Léo do Moinho”, diz Derrite.

Para a conclusão da ação, houve um trabalho envolvendo o tratamento dos dependentes químicos e políticas habitacionais, com o objetivo de retomar o território da Cracolândia para o poder municipal. Com isso, a força policial conseguiu acabar com o esquema. Com essas ações, houve a apreensão de 558 armas ilegais e de 6,8 toneladas de drogas, sendo 714 kg na área das cenas de uso.

Já na Baixada Santista, houve duas operações de grande relevância para combater o crime organizado que dominava o território, a Operação Escudo e a Operação Verão, que prenderam 2.001 pessoas, 3.566 kg de drogas e 238 armas, além da desativação de 27 barricadas, segundo Derrite. 

As operações também capturaram infratores de alta periculosidade do PCC, que tinham como objetivo sequestrar autoridades em troca da liberação do líder do PCC conhecido como Marcola. “No PCC, há uma pressão em cima dos membros que estão livres o tempo todo para libertar o Marcola. Por isso, o sistema de inteligência é importante para sempre estar atento a essas pessoas”, diz o secretário.

Por meio desse sistema de inteligência, de janeiro a setembro de 2025 foram identificados R$ 21,3 bilhões vindos do crime organizado. De olho nisso, foi criado o programa Recupera SP, que busca usar o dinheiro apreendido do crime organizado para investir na segurança pública do estado, liberando parte da verba que vinha do estado para ser investida em outras áreas.

Ao final do evento, foi produzido um documento intitulado Carta de São Paulo, que sintetizou os assuntos debatidos pelos especialistas. Confira a íntegra clicando aqui.

 

IMAGEM: Rebeca Ribeiro/DC

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