Keeta entra no delivery brasileiro de olho nos pequenos restaurantes

Danilo Mansano (foto), vice-presidente da plataforma no Brasil, diz que vai oferecer suporte humanizado aos micro e pequenos estabelecimentos. A marca, que pertence à chinesa Meituan, começa a operar em São Paulo ainda este ano

Mariana Missiaggia
09/Out/2025
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Keeta entra no delivery brasileiro de olho nos pequenos restaurantes

"Espero que a gente consiga mudar o mercado mais do que incomodar". A expectativa, de Danilo Mansano, vice-presidente da Keeta, tem tudo a ver com o barulho que a plataforma de delivery chinesa causou ao anunciar sua vinda para o Brasil no início deste ano.

A estreante comprou briga com as grandes do mercado ao afirmar que irá combater os contratos de exclusividade que hoje garantem que plataformas dominantes, como iFood e 99Food, fechem parcerias com restaurantes para que sejam as únicas fornecedoras de serviço de delivery.  

É verdade que desde 2023 a abrangência desses contratos foi reduzida pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que proibiu as plataformas de entrega de serem parceiras exclusivas de marcas que tenham 30 ou mais unidades. Ainda assim, a Keeta prega uma filosofia de mercado totalmente aberto, sem monopólio.

“Estamos comprando uma batalha que precisa ser comprada. Sugerimos aos restaurantes que trabalhem com todas as plataformas. Isso gera chance de negócios para todos os lados e exige que a Keeta se prove todos os dias oferecendo um serviço de excelência, já que não existe nenhum contrato travando aquela marca com a plataforma", disse Mansano durante o evento BConnected, em São Paulo, organizado pelo Grupo Bittencourt.

Em entrevista ao Diário do Comércio, o executivo também afirmou que um dos grandes diferenciais da Keeta está no apoio direto aos pequenos e médios estabelecimentos. Segundo Mansano, a plataforma terá um time que trabalhará exclusivamente para garantir que os pequenos negócios tenham a chance de crescer. A fórmula, segundo o vice-presidente, envolve a oferta de taxas competitivas e suporte humanizado para a resolução de problemas específicos.

A plataforma recebe o nome de Keeta nos mercados internacionais em que opera, porém faz parte do Grupo Meituan, que é o nome que a empresa dá à sua operação de delivery no mercado doméstico chinês.

Segundo Mansano, a Meituan é reconhecida na China por contribuir com o sucesso dos estabelecimentos para os quais presta serviço de entrega, tanto no online quanto no offline, e o desejo da Keeta é replicar essa sinergia no Brasil, uma vez que, na visão da companhia, muitos restaurantes menores acabam limitados no delivery por falta de suporte humano."

"Temos um posicionamento muito claro, que é ter muita gente dando suporte ao sucesso de estabelecimentos menores, que fazem também o nosso sucesso e são importantes como clientes", afirma o executivo.

A expansão internacional da Keeta começou em 2023. Na China, são mais de 3 mil cidades atendidas e um valor de mercado de US$ 100 bilhões. No total, são 130 mil colaboradores espalhados pelo mundo. Deste volume, 1,2 mil são do time brasileiro, que deve crescer cinco vezes mais nos próximos dois anos, de acordo com Mansano.

Atualmente, 770 milhões de usuários e 14,5 milhões de estabelecimentos estão cadastrados na plataforma na China, Arábia Saudita, Catar e Kuwait. Neste ano, a empresa chega ao Brasil e aos Emirados Árabes. O volume atual de pedidos é de 80 milhões por dia.

A decisão de entrar no Brasil, segundo o vice-presidente, foi baseada em uma leitura aprofundada do mercado local, que coloca o país como o quinto maior para o food delivery no mundo. Mesmo antes de iniciar a operação por aqui, a Keeta já vinha montando a sua base de apoio no país. De acordo com Mansano, "a empresa já tem mais de 130 mil entregadores cadastrados em seu funil e dezenas de milhares de restaurantes inscritos."

A expectativa é que as operações comecem pela cidade de São Paulo e o primeiro movimento de expansão se dê no primeiro semestre de 2026, com o lançamento do serviço em 16 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes. A partir do segundo semestre, a proposta é abrir o aplicativo para todos os municípios urbanos que comportem uma operação de food delivery.

Para mostrar ao empresariado brasileiro o potencial da nova plataforma, a Meituan promoveu uma viagem de imersão à China no final de agosto. Boali, Rei do Mate, Bob’s, Arcos Dourados e representantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) estiveram entre os participantes.

A experiência, segundo Mansano, permitiu que os convidados pudessem tirar as próprias conclusões sobre o serviço. Foram organizadas reuniões com marcas e estabelecimentos locais, muitas sem a participação da Meituan, conta o executivo, para que os empresários pudessem conversar livremente e conhecer a fundo a operação chinesa.

“Somos mais um aplicativo, mas com postura e desejos diferentes. Queremos mexer na infraestrutura, na parte de dados, logística, entrega, geração de pratos para as marcas, além de geração coletiva de ofertas mais acessíveis para atender a um público diferente daquele que já está habituado ao delivery”, disse.

Na análise do executivo, o mercado brasileiro ainda está muito ligado à indulgência e não há o hábito de pedir refeições no online. Para mudar essa realidade, Mansano aposta na tecnologia, com um modelo de algoritmo que permite otimizar o tempo de todos os envolvidos, "garantindo entregas mais rápidas, mais acessíveis e com maior precisão."

Ou seja, o menor tempo possível de espera do restaurante com a comida pronta no balcão e o menor tempo de espera do entregador na porta do estabelecimento. “Prevemos menores deslocamentos, então conseguimos concentrar para os entregadores raios de trabalho que sejam o mais densos possíveis com a tecnologia embarcada no aplicativo.”

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IMAGEM: Grupo Bittencourt/divulgação

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