Casa Bauducco muda para renovar público e reforçar identidade italiana
O rebranding iniciou há dois anos, envolvendo mudança na logomarca e arquitetura das lojas, e agora entra em nova etapa, com o lançamento de produtos tradicionais da cozinha italiana. Renata Rouchou, diretora de Expansão da marca, conta que pretende saltar de 200 para 500 unidades, incluindo franquias, cujos pontos são negociados pela própria Bauducco

Nem sempre é fácil se manter relevante no varejo com o passar dos anos, especialmente diante das rápidas mudanças comportamentais dos consumidores das novas gerações. Com mais de 70 anos no mercado, a tradicional marca Bauducco percebeu isso e iniciou, há cerca de dois anos, um processo de rebranding, que também envolve a Casa Bauducco, o empório e cafeteria da marca, que passa por essa modernização com o objetivo de ganhar mais aceitação entre o público jovem.
A Casa Bauducco foi fundada em 2012 como uma forma de a fabricante aproximar seus produtos do consumidor final. O rebranding pelo qual está passando inclui mudanças na logomarca, design arquitetônico das lojas, ampliação do cardápio, com foco em produtos italianos exclusivos, e novas embalagens, investimentos que devem aumentar em 50% as vendas anuais do empório.
Atualmente com 200 lojas, entre próprias e franqueadas, a marca tem como objetivo alcançar 500 unidades em uma expansão sustentável que abrange também multifranqueados. A meta, prevista para ser alcançada em cerca de dois anos, envolve a abertura de unidades em novos ambientes, como clubes, buscando aumentar o tíquete médio.
Para entender melhor o momento da Casa Bauducco, o Diário do Comércio conversou com Renata Rouchou, diretora de Expansão do empório. Confira:
Diário do Comércio - A Casa Bauducco está passando por um processo de rebranding. O que muda na marca e nas lojas com essa nova proposta?
Renata Rouchou - Esse processo iniciou há uns dois anos, primeiro na marca Bauducco, e depois na Casa Bauducco. Realizamos mudanças na logo, depois no projeto arquitetônico para traduzir a contemporaneidade da marca e focar no aspecto italiano da Bauducco. Agora, estamos na terceira fase do rebranding, que é a mudança no cardápio, que vai acontecer de setembro a dezembro. Trouxemos produtos típicos de cada região da Itália, são 12 produtos que trarão uma diferenciação para a marca e serão encontrados apenas na Casa Bauducco.
Na última etapa, teremos mudança nas embalagens, tanto nas de Natal quanto nas dos produtos de empórios, como os biscoitos, para eles se tornarem presenteáveis durante o ano inteiro.
O que motivou a empresa a investir nesse reposicionamento?
Renata - A Bauducco, como marca, está em nove de cada dez lares brasileiros, mas sempre foi uma marca com tradição muito forte, e isso nem sempre acompanha as novas gerações. Por isso, era importante deixar a marca mais contemporânea, para termos uma abrangência maior entre as diferentes gerações, algo que já está mostrando resultado.
Quais outras estratégias estão sendo adotadas para atrair essas novas gerações?
Renata - Além das mudanças nas embalagens e na logo, temos participado de eventos voltados aos jovens, como a feira de games BGS. Também estamos apostando em microinfluenciadores e no TikTok. Isso vale também para a Casa Bauducco, onde recentemente tivemos uma parceria com a PlayStation.
Qual o resultado esperado com o rebranding?
Renata - O primeiro resultado aparece quando o consumidor vê a nova loja. Toda loja reformada tem um aumento nas vendas anuais de 20% a 25%. E com a mudança no mix de produtos, devemos ter mais um incremento de 20% a 30% nas vendas anuais. Ou seja, isso tudo somado pode gerar um aumento entre 40% a 55% nas vendas anuais das lojas. Claro que é algo gradativo, mas vai melhorar as vendas e, consequentemente, o retorno do investimento.
Qual o objetivo dessa diversificação de produtos?
Renata - Aumentar as vendas, claro, mas também aumentar o que chamamos de produtos proprietários. Antes, tínhamos como produto proprietário as fatias de panetones, doces e salgadas, que eram exclusivas da Casa Bauducco. Mas esse é um produto que temos desde 2012, e o varejo exige que você inove. Então, estamos trazendo uma linha de bebidas de um fornecedor italiano, salgados, como o Arancini - pastel de arroz frito tradicional da culinária italiana. Cada um destes produtos tem um dia e horário em que irá vender mais. Identificamos que é necessário termos ofertas distintas de produtos para o mesmo cliente.
Vocês buscam expandir por meio de multifranqueados. Qual a vantagem em apostar nesse tipo de franqueado?
Renata - São franqueados que já possuem a cultura da empresa, já conhecem o negócio. Às vezes, o próprio franqueado traz sugestões que não percebemos com a loja própria. Multifranqueados possuem uma gestão mais profissional, eles trazem outras experiências e vivências por trabalharem conosco e com outras marcas. Quando temos franqueados com mais unidades, a nossa estrutura de suporte pode ser menor, pois esses franqueados são bons gestores. Isso deixa tudo positivo, é possível criar programas de sucessão, segunda geração. É uma relação benéfica para ambos os lados.
Vocês abriram uma unidade em um clube pela primeira vez. Como enxergam o potencial desses lugares diversificados?
Renata - Cada cluster tem características diferentes. Por exemplo, o hospital é feito para prestar serviços às pessoas que estão sendo atendidas ali, por isso, nesse cluster criamos uma área de desjejum. Mas um clube tem esse potencial de drive de cafeteria, e tem outro potencial maior para produtos presenteáveis, pois são clientes fiéis, que você conhece pelo nome e possuem um maior tíquete médio.
Vocês têm apostado em franquias da Casa Bauducco integradas às lojas Bauducco. Como funciona essa sinergia?
Renata - No início tratamos as duas como algo distinto, onde tinha Casa Bauducco, não tinha loja Bauducco. Depois começamos a fazer as duas lojas próximas. Agora, estamos fazendo elas integradas nas estradas e em algumas cidades. Temos como objetivo abrir 50 unidades franqueadas da Casa Bauducco e mais 15 neste formato integrado com as lojas Bauducco até julho de 2026. É algo que reforça o ecossistema da marca. Geralmente a loja Bauducco é um gerador de fluxo para a Casa Bauducco, o consumidor compra na loja e depois consome na Casa.
A Casa Bauducco possui um discurso de expansão sustentável e sem canibalização. Como funciona isso?
Renata - Possuímos 200 lojas e a meta é alcançar apenas 500 unidades, não é uma expansão quantitativa. Queremos colocar uma unidade em cada capital do Brasil e depois na segunda maior cidade de cada Estado, exceto em São Paulo, onde já possuímos 140 lojas. Para evitar a canibalização, fizemos um planejamento de expansão com base no potencial de consumo, mapeamos todos os shoppings e hospitais particulares. Inclusive, somos nós que negociamos o ponto, é um serviço diferente, mas fundamental.
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IMAGEM: Casa Bauducco/divulgação