Lula: 'Se Trump quiser conversar, o Lulinha paz e amor volta'

O governo brasileiro iniciou o processo para adotar a Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos, mas o chefe do Executivo brasileiro disse que não há pressa para impor as medidas

Estadão Conteúdo
29/Ago/2025
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Lula: 'Se Trump quiser conversar, o Lulinha paz e amor volta'

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira, 29/08, que decidiu autorizar o início das consultas, investigações e medidas com vistas à aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos para "fazer andar" a formulação da resposta brasileira ao tarifaço.

"Esse é um processo que é um pouco demorado. Eu não tenho pressa de fazer qualquer reciprocidade com os Estados Unidos. Tomei a medida porque nós temos que fazer andar o processo. (...) Nós temos que dizer aos Estados Unidos que nós temos coisas para fazer contra eles", disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia.

Segundo Lula, ele não tem pressa para impor a reciprocidade, mas que os Estados Unidos não querem negociar. O presidente voltou a se queixar de ter escalado os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) e não ter conseguido uma interlocução com o governo norte-americano.

"Não tentei ligar porque ele tem que dar um sinal de que quer negociar. As pessoas falam que é para ligar para o Trump, mas olha, se o secretário de Tesouro não falou com o Haddad, se o Alckmin não conseguiu falar com o cidadão do Comércio, por que que um telefone meu iria resolver?", afirmou o presidente que voltou a dizer que, caso os Estados Unidos se ofereçam ao diálogo, o "Lulinha paz e amor" estará de volta.

Lula disse também que dependerá do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma conversa durante a reunião da Assembleia Geral da ONU, no mês que vem. "Eu não tenho problema com o Trump, ele é problema do povo americano que o elegeu. (...) O Brasil não recusa conversar, o que o Brasil faz é não adotar a complexidade de vira-lata. Nós somos iguais e não queremos conversar com ninguém de forma subalterna", disse o presidente.

O chefe do Executivo também adiantou que o discurso dele na ONU terá como temas as defesas da democracia, do multilateralismo e da governança mundial. Ele também opinou sobre a guerra entre Israel e Hamas, voltando a citar o conflito como um genocídio e afirmando que Israel está matando crianças e mulheres.

Indústria: negociação é o melhor caminho

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que "não é o momento" de o Brasil aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos, e avalia que é preciso insistir no "uso de instrumentos de negociação" para reverter os efeitos negativos das tarifas norte-americanas sobre as exportações brasileiras.
 
Em nota, o presidente da CNI, Ricardo Alban, diz que agora é necessário "cautela e discussões técnicas", e que uma comitiva liderada pela confederação, com mais de 100 líderes de associações e empresários industriais, desembarcará no começo da semana que vem em Washington para falar com empresários e representantes do poder público dos Estados Unidos.
 
"Precisamos de todas as formas buscar manter a firme e propositiva relação de mais de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos", disse Alban no documento. "Nosso propósito é abrir caminhos para contribuir com uma negociação que possa levar à reversão da taxa de 50% e/ou buscar obter mais rapidamente o aumento de exceções ao tarifaço sobre produtos brasileiros", acrescentou.
 
A agenda em Washington prevê encontros entre instituições empresariais brasileiras e suas contrapartes e parceiros nos Estados Unidos, e reunião plenária para discutir os impactos comerciais e estratégias para aprofundar a parceria econômica entre os dois países.
 
A CNI também vai promover encontros preparatórios para a defesa do setor industrial na audiência pública de 3 de setembro sobre a investigação aberta em julho pelo governo norte-americano nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos.
 
 
IMAGEM: Ricardo Stuckert/PR

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